À espera do nosso primogênito – Miguel -, a esposa desse
que vos escreve solucionou sua inquietude ao pânico de ter de cessar o deleite
da apreciação duma boa cerveja consumindo cervejas sem álcool. Cervejas sem
álcool! Zero vírgula zero... A propósito, para que servem as cervejas com
resquício de álcool? A Kronenbier, primeira cerveja “não alcoólica” do Brasil
(1991) está de acordo com a regulamentação – lei 8.918/94 - que permite um
máximo de 0,5%APV para considerar uma cerveja sem álcool. Todavia, mesmo tendo
esse baixo teor, resulta em um produto prejudicial a orientações de consumo em
que o álcool não é tolerado (integralmente). Participamos de um teste bebendo cervejas com até 0,5%APV, ou seja, dentro da rotulação dum produto “não alcoólico”.
O resultado foi previsível e alarmante: Fomos reprovados no teste do etilômetro
(vulgo bafômetro), não estando aptos para dirigir veículos automotores.
Mais extraordinário, em um outro teste, do tipo
comparativo de sabor, foi a surpreendente conclusão que, ao contrário do que
imaginávamos, ter até 0,5%APV não torna uma cerveja menos ruim do que outra
totalmente sem álcool. Numa degustação das cervejas nacionais Bavaria (0,5%);
Itaipava (zero); Kronebier (0,5%); Líber (zero) e; Nova Schin (zero), a Liber,
completamente sem álcool nos agradou muito mais do que as concorrentes na faixa
dos 0,5. Em paralelo a essa peleja, a cerveja, alemã, de trigo e sem álcool
Erdinger (weissbier Alkoholfrei), agradou bastante, configurando-se numa opção
mais sofisticada a consumidores mais exigentes.
Cervejas não alcoólicas, até hoje, não alcançaram todas as
virtudes de uma cerveja elaborada sob uma fermentação normal. Em geral,
cervejas com pouco álcool tiveram a fermentação interrompida; e cervejas “zero”
sofreram modernos processos de separação do álcool. Entretanto, voltando ao
caso da gestante (ou em qualquer outra situação em que o consumo de álcool seja
vetado), viemos defender a Liber (primeira cerveja “zero” álcool do Brasil).
Não é nenhuma “fera”, assim como não tem vocação para “bela”, mas dá para beber
sem fazer cara feia. Está certo que alegre não vais ficar...
Apesar de uma pressão um pouco mais baixa, com espuma
clara e pouco duradoura (mesmo à base de estabilizante), podemos afirmar que,
na aparência, é igual a cervejas comuns com pouco malte. Ainda que respeitando
o estilo sob todos os sentidos, o leve aroma de lúpulo sustenta a identificação
de cerveja. Contudo, a língua percebe um sabor açucarado e o tato dum corpo
aguado e pouco carbonatado. Embora pareça um desastre, todas inadequações são
conseqüências do resultado do processo de elaboração de uma cerveja sem álcool.
Se quiseres beber cerveja sem os riscos dos efeitos do
álcool, o jeito é aceitar a lei da compensação. Ao menos é bem melhor do que a
lei seca!
PS.: Cerveja sem álcool gela mais rápido!
5 comentários:
No finalzinho do ano passado, passei uma semana sem poder beber, em função de uma medicação, e resolvi fazer um teste das não-alcoólicas.
Achei a Liber uma desgraça total, muito doce, muito enjoativa. A Nova Schin Zero, pra mim, desceu melhor. Até dava aquela sensação de estar "bebendo" propriamente.
Claro que nenhuma das duas é grande coisa, mas, pra mim, a NS Zero é mais próxima da NS regular, do que a Liber é da Brahma normal - que, aliás, passa looooonge da versão convencional.
Pra mim, ainda falta a Itaipava.
Abraço! :)
Mestre Tito!
Satisfação em ter o teu olhar de Ombudsman por aqui. Realmente é difícil de argumentar sobre cervejas não alcoólicas. Todavia, tuas considerações foram muito pertinentes. Também acho a Liber (Liberdade!) bem diferente da Brahma e, por isso gostei mais dela. Na minha amarga opinião, as máscaras que ela utiliza para suprir o prejuízo em sabor pelo processo de remoção de álcool é o trunfo dela. Talvez por isso pareça "muito doce, muito enjoativa". Para mim, aí está o projeto de cerveja.
Não entendeste muito bem? Então bebamos cerveja com álccol!
Obrigado pela honrosa participação.
Eu não gosto de cerveja sem álcool. Desde que eu era jovem, eu me acostumei a beber cerveja com álcool. Meu pai bebia muita de cerveja e a cerveja em casa é uma tradição de família. Meu avô tinha restaurantes em vila madalena que preparavam cerveja. Talvez eu me tenha que acostumar.
Jorge, realmente acho que nem dá para se acostumar. Eu entendo como uma boa alternativa, ou seja, cerveja sem álcool só em situações em que estiveres dirigindo ou algo do gênero. No mais, continues degustando as boas cervejas da tradição da família!
Postar um comentário