Em relação a 2009 e 2011, a série
do Bob “Melhores de 2012” expôs uma nova categoria que nos agradou muito: “Rótulo
Mais Bonito”. Sabemos que não são todos os apreciadores da boa cerveja que se
importam com a estética da embalagem (rótulo, garrafa, barrilete, etc) – outros
não se atem nem às importantes informações do produto que o rótulo deve
apresentar... – mas o fato é que, de alguma maneira, mesmo que inconscientemente, quando
bem produzida a embalagem torna a cerveja mais atrativa na escolha da compra.
E, para nós que trabalhamos com arte gráfica, compondo rótulos também, esse
tema, em especial associado à cerveja, nos empolga ainda mais.
Para discorrermos sobre esse
assunto, limitando a profusão de embalagens, optamos por comentar apenas sobre os
rótulos nacionais mais conhecidos votados na enquête do Bob.
Na nossa opinião, a Colorado foi
a responsável pelo resgate, de forma nacional, da arte dos históricos rótulos
desenhados à mão, que incentivaram criações livres do padrão industrial.
Evidentemente que produções como as da lendária Canoinhense resistiram ao passar
dos anos, mas a Colorado ousou em apostar na pesquisa do designer cervejeiro
Randy Mosher, figura emblemática que se veste como um próprio rótulo.
Seasons Bigfoot foi o meu voto na enquête do Bob. Assim como os rótulos da Invicta apresentam ilustrações dos pontos turísticos locais, quando vi a paisagem de Porto Alegre com a Usina do Gasômetro ambientando o fundo da tradicional vaquinha da Seasons eu agreguei sentimento ao produto. Lembrando que essa vaquinha, tão apreciada pela co-proprietária da Seasons Caroline Bender (esposa do Leonardo Sewald), já referencia a marca. Curiosamente a Anner MariaDegolada, que expõe uma história local que deu nome ao lugar (onde fica a cervejaria), em Porto Alegre, não nos causou o mesmo efeito que a Seasons Bigfoot por não trazer referência ao nosso cotidiano, ainda que apreciamos muito todo o conceito do premiado produto.
De um modo geral, percebemos que
as mais expressivas cervejarias artesanais brasileiras aderiram à valorização
da arte de seu rótulos. Podemos ver grandes produções na Falke Bier; Bamberg
(com sua linha temática musical, também); e Amazon.
CORUJA, WAY, E EISENBAHN
Um expoente em desenho arrojado é o caso da Coruja. Iniciou a venda de chope em garrafas de uso químico que tornaram-se identidade da cerveja, fora o fato do rótulo ser serigrafado no casco - técnica que a Way veio utilizar também. Quando a Coruja lançou suas versões pasteurizadas, tiveram que utilizar as garrafas comuns e rótulos de papel perdendo a identidade conquistada. Todavia com a série “fora de série”, a diferenciada arte dos rótulos para as receitas inéditas e assinadas destacou a marca novamente. A Eisenbahn 10 anos, lembrando o lançamento da Eisenbahn Fünf (que homenageou os cinco anos da cervejaria), se não fosse a sua conterrânea catarinense com o nome de Zehn Bier, poderia ter se chamado Eisenbahn Zehn (Zehn significa dez em alemão). Especulações à parte, o fato é que o brilhante trabalho duma competente equipe da, hoje, Brasil Kirin desenvolveu uma garrafa tipo espumante – adequada ao estilo – em duas versões de rótulos impressos: a de casco verde padrão; e uma série limitada “garrafa dourada”, em casco pintado com direito à caixa de madeira. Um primor!
Lembrando a linha temática
musical da Bamberg, onde homenageia bandas de roquenrol, e o ineditismo dos
cascos químicos da Coruja, a Küd lançou um ótimo trabalho de embalagem para
cervejas suas. Barriletes exclusivos com rótulos alusivos a bandas
estrangeiras. Dos cinco apresentados aqui, entendemos que o “Smoke On The
Water”, predominantemente cinza, deveria ser na cor púrpura...
BODEBROWN E GRIMOR
A criativa Bodebrown, que sempre inova em receitas e promoções, lançou a garrafa da sua ex-cerveja Venenosa – agora Perigosa – em tubos de papelão. Embalagem que lembra a versão sestavada do premiado trabalho da Grimor. A Grimor segue uma linha padrão em seus rótulos numerados, já a Bodebrown apresenta uma arte para cada receita.
BACKER
Também existem “trabalhos parecidíssimos”. O sucesso de algumas embalagens como o uso de sifões iguais por diferentes cervejarias, confundem o consumidor. E, quando a tática de venda é a carona no sucesso alheio? Há quem compre Opa Bier no lugar de Eisenbahn. Visualmente parecem iguais, mas não só o preço da Opa Bier é menor... Agora comprar a série Três Lobos da Backer com a gana de uma estadunidense Flying Dog...
DUM E WÄLS
HOPFUL, BOTTO BIER, E STEPHANOU
Aqui o céu é o limite. Uma vez que não haja a preocupação com o custo do produto e com o processo fabril, as criações são livres. A Hopful criou um logotipo que se lê de igual maneira estando virado de ponta-cabeça. O Leonardo Botto que homenageou a sua esposa Tatiana com a ‘Dama do Lago’ (nome que hoje pertence à Eisenbahn dado ao concurso Mestre Cervejeiro), criou a cerveja do Vinícius, filho do casal, com o nome de Zoontje – que significa filho em holandês. Se uma cerveja homenageia a vida, outra a despedida dela. A nossa produção da Stephanou Niemeyer IPA (ou PAI – Pálida de Alta da Índia) veio prestar condolências ao extraordinário colega, o Arquiteto Oscar Niemeyer. Do mesmo modo que a Stephanou Carna Weiss, utilizando casco padrão, tomamos partido do recorte dos rótulos. O do Niemeyer com a forma da coluna do Palácio da Alvorada, e o carnavalesco, em forma de serpentina, ambos fazendo alusão aos temas.
Portanto, defendemos que a
importância visual que uma cerveja apresenta numa experiência sensorial vai
além do líquido. Embalagens e histórias ambientam uma degustação mais marcante.
Cervejeiro, além da qualidade da sua cerveja, invista na embalagem!
Cervejeiro, além da qualidade da sua cerveja, invista na embalagem!
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