segunda-feira, 19 de maio de 2008

EDELWEISS (Edelweiß)

Quando descobri a cerveja austríaca Edelweiss nas gôndolas do supermercado Nacional, logo fiquei instigado em prová-la por três aspectos. O primeiro foi de experimentar uma cerveja da Áustria, pouco comum por aqui. O segundo ponto, é que a embalagem gerou uma expectativa do Arquiteto cervejeiro que vos escreve. E, finalmente, lembrei de minha avó paterna, de ascendência austríaca, Henriqueta Degelmann Macchi.
Inicialmente, exponho uma pesquisa sobre a especiaria que dá nome à cerveja – a flor de Edelweiss – como introdução para mostrar que a cerveja é uma bebida, que quando valorizada, é de grande apreço, seja pelos seus ingredientes ou pelas tradições culturais que a envolvem.

EDELWEISS
O Edelweiss, que em alemão quer dizer “branco precioso” é um vegetal arbustivo, com flores brancas em forma de estrela. Como todo vegetal que vive em climas inóspitos (ou muito frio, ou muito quente), para evitar a perda de água, e conseqüente ressecamento, protege-se recobrindo sua superfície com densos pelos. O edelweiss também o faz, mas com um adendo recobre também suas pétalas, e aí reside a grande beleza da flor, extremamente branca, mas com a umidade que retém na penugem torna-se prateada e bela. Das regiões mais altas e frias da Europa, de nome científico ‘Leontopodium Alpinum’, encontrado nos Alpes da França, Itália, Iugoslávia, Suíça e Áustria – onde, particularmente nesses dois últimos países, a flor tornou-se símbolo nacional, como a folha de plátano no Canadá. Por iniciativa austríaca, o Edelweiss é protegido por lei (tombado) nos cinco citados países. Sendo a flor gravada nas moedas de 2 centavos de Euro austríaco. Na suíça, os generais exibem o mesmo desenho, substituindo as estrelas de seus escudos.

Símbolo do Supremo Talismã do Amor, entre as mais conhecidas lendas sobre a Edelweiss, dizem que ela (a flor) adveio das lágrimas de uma jovem virgem; e que um rapaz, quando apaixonado por uma garota, deve escalar a montanha - uma expedição difícil e arriscada - para trazer uma Edelweiss para sua amada como prova de seu amor. No folclore austríaco, as danças e músicas tirolesas fazem referência às lendas e a tantos outros costumes como a presença do desenho da flor nas vestimentas típicas.

Historicamente, na década de 30, a flor de Edelweiss foi usada como símbolo do movimento jovem anti-nazista, chamado The Edelweiss Pirates. E, em 1959, foi criado nos Estados Unidos o musical The Sound of Music (conhecido no Brasil como A Noviça Rebelde), que conta a história verdadeira da família Von Trapp oriunda de Salzburg na Áustria, que emigrou aos Estados Unidos, em setembro de 1938, fugindo do nazismo no período de avanço do III Reich, que em 1939 foi implantado na Áustria subjugada por Hitler. As canções são de Richard Charles Rodgers (não confundir com o arquiteto Richard Rogers!) e as letras de Oscar Hammerstein II - uma das músicas da peça é a Edelweiss. Também existe uma peça musical clássica da autoria de Gustave Lange (1830-1889), compositor alemão, que tem uma obra chamada Edelweiss opus 31, com arranjos para piano solo; piano a quatro mãos; cítara, violino e piano.



CLASSIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO

Cerveja de trigo (Weissbier), produzida com água e aroma de ervas alpinas, e com a própria flor de Edelweiss – símbolo de pureza e preciosidade. Desenvolveu 5% alc/vol e perdura um ano.


VISUAL
Líquido: cerveja turva (não filtrada), de cor amarela com pouca intensidade. Embora normal, particularmente, eu não gosto desse tom, que lembra a Hoegaarden, outra cerveja de trigo frutada (com laranja). Parece-me sem presença. Lembre-se que "se bebe com os olhos", então, ao meu ver, às vezes devemos sacrificar um pouco a receita pela apresentação. A espuma, inicialmente, pareceu bem consistente, todavia não perseverou muito.
Embalagem: pesa no requisito da impressão geral, pois em nossa avaliação o líquido é o protagonista.

SOM
A cerveja degustada não apresentou o prenúncio da boa carbonatação. A pressão na garrafa pareceu ter algum prejuízo, muitas vezes dado ao transporte por uns nove mil kilômetros... Foi perceptível o estourar das bolhas que compõem a espuma com dispensável rapidez.

AROMA
Ponto alto do produto. Além das notas de cravo e banana, comuns às cervejas de trigo, o aroma do que imaginamos ser da flor de Edelweiss é uma bela experiência.

SABOR
A pesar de um sabor diferenciado empolgante, provavelmente oriundo da utilização da flor de Edelweiss, o retro-gosto de oxidação (combatido nesse tipo de cerveja frutada) foi fator que prejudicou imensamente a apreciação da cerveja.

TATO
Mesmo se valendo da falta de pressão ao abrir a garrafa, foi perceptível uma boa carbonatação ao degustar o líquido. A sensação de uma boa presença de gás foi gratificante para limpar o paladar e proporcionar refrescância.

IMPRESSÃO GERAL
A presença da flor de Edelweiss agrega qualidade ao produto. O sabor traz a refrescante lembrança da região alpina, reforçada pelo belo conjunto de uma embalagem espetacular, garrafa e copo, que vale a pena ser apreciado e ter em casa (vide imagem). Os dois podem ser adquiridos na Costi Bebidas [
www.costibebidas.com.br]. A garrafa tem uma bela gravação da flor de Edelweiss no fundo, e o copo, traz o desenho jateado dos mesmos glaciares alpinos em relevo na garrafa. A inscrição ‘snowfresh’ reforça a identidade moderna, mesmo com 533 anos de tradição.

HARMONIZAÇÃO
Degustamos a Edelweiss com queijo gorgonzola, que tínhamos na ocasião. O contraste dos sabores, doce da cerveja e amargo do queijo, criou uma incrível complementação, corrigindo o retro-gosto prejudicado da cerveja provada.

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