segunda-feira, 8 de setembro de 2008

DADO BIER BELGIAN ALE: Uma cerveja, duas escolas


Duas cervejas da carta da Dado Bier foram apontadas numa recente edição da revista inglesa Beers of the World. Sumidade crítica em cerveja, e editor do citado magazine, Jeff Evans pontuou a Ilex, produzida com erva-mate, em 7,75; e a Belgian Ale com a nota 8. As duas cervejas especiais foram recomendadas como “Editor’s Choice” - a escolha do editor.

Conheço a Dado Bier Belgian Ale desde que nasceu. Lembro-me, no ano passado, em 2007, de ter visitado o amigo Carlos Bolzan, mestre-cervejeiro da Dado Bier, em seu local de trabalho. A nova filha ainda estava nos tanques, e ele ofereceu-me à prova. Fiquei perplexo ao saber da fórmula que mistura a cultura de duas escolas: a belga, é claro, e a alemã. Poucos dias depois, fui convidado ao batizado, digamos, ao lançamento da nova cerveja. Lamentavelmente, um dos inesquecíveis - que lembro em parte - porres da minha vida, essa que poderia ter acabado naquele dia... A beberibilidade da Belgian Ale foi tamanha, que empolgado em estar à companhia de vários amigos do setor cervejeiro, eu bebi essa cerveja de 8,5% APV como se fosse uma Pilsen. Erro que assumo aqui no TELECERVEJA. Não tentes fazer isso em casa, ou melhor, em casa até poderias, não faças fora de casa, ainda mais se fores dirigir depois...

Voltando à Belgian Ale, vamos esclarecer que a nossa degustação, a seguir, foi feita seguindo a etiqueta! Por que dizemos cerveja de duas escolas? Porque o Carlos alcançou uma façanha produzindo uma clássica cerveja ao estilo belga à limitação da lei de pureza alemã – a
Reinheitsgebot. Esse fato não pode passar desapercebido. Quando degustamos uma cerveja, temos que saber sobre a história do produto. Nunca soube de uma Belgian Ale nessas condições. Seria muito mais fácil seguir uma receita que adiciona outras formas de obtenção de açúcares não advindos do malte - ainda que o utilizado malte de trigo não consta no rótulo...), porém esse é o maior mérito dessa curiosa fórmula.
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Dotada de uma coloração de mel, a estrutura turva bastante carregada de malte só decepcionou na espuma pouco consistente, porém cremosa – que adere ao copo -, que pode ter sido aferida pela alta quantidade de álcool. Boa pressão, certamente resultante da dupla fermentação. O aroma frutado e de malte, característico do estilo, na minha opinião, também sofreu perda na grande exalação alcoólica. Sabor adocicado e moderadamente amargo, em temperatura adequada o sabor do álcool harmoniza com esses paladares e alcança o equilíbrio. Advinda da boa pressão interna da garrafa - e não em sifão - a carbonatação também é harmônica e satisfatória. Uma observação que eu saliento é que, no meu entender, o copo tem um diâmetro grande para a sua altura, prejudicando as boas características do produto. Observação que também serve para a Ilex, onde, como idéia dividida com o amigo burgomestre Sady Homrich, o formato de cuia poderia ser referenciado na de tipo tereré, e não na tradicional gaúcha, buscando o perfil de cálice tipo snifter. Do mesmo modo, prefiro beber a Dado Bier Belgian Ale em copos de concorrentes... Quando me perguntam o que eu acho sobre beber cerveja em copo de requeijão, eu respondo: “é como comer requeijão em copo de cerveja”.

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