No Extra-Malte com a Cilene Saorin, dividi uma mesa com o meu amigo Pedro Braga, e juntamente com outro amigo, Herbert Schumacher, sócio-proprietário da cervejaria Abadessa, comentamos a respeito das cervejas degustadas na ocasião. Sob harmonização de queijos, avaliamos as duplas: Dado Bier American Brown Ale com Gruyere; Falke Bier Ouro Preto com Cheddar; Falke Bier Estrada Real (English IPA) com Gorgonzola, e Colorado Demoiselle (Porter com café) com Pecorino. No quesito harmonização, ainda porque a cerveja combina com queijos ao contrário do vinho, nota dez. Estudo em que a Eisenbahn foi precursora, juntamente com a Cilene. Todavia, gostaria de expor o meu descontentamento com duas das cervejas apresentadas nessa noite.
Abrimos os trabalhos nessa Segunda-feira pós dia da independência, almoçando na Dado Bier, à boa companhia de uma seleção cervejeira formada por Cilene Saorin; Carlos Bolzan, m-c da Dado Bier – não é mestre de cerimônias, e sim mestre-cervejeiro! -; Marco Falcone, sócio-proprietário da Falke Bier; burgomestre Sady Homrich; Jorge Gitzler, presidente da ACERVA gaúcha; Vitório Levandovski, proprietário do Armazém Bierkeller; e os amigos já citados no início desse texto. Além de cervejas da casa, saboreamos a preeminente Falke Monasterium. Compuz essa introdução para citar a Monasterium, que não foi apresentadada no Extra-Malte, e assim registramos aqui a nossa grata surpresa no oferecimento dessa primazia. Porém, nem tudo são flores... No evento da noite, a Falke Bier ofereceu outras duas cervejas de sua linha. A recém lançada Caminho Real, do estilo India Pale Ale, me agradou bastante. Amargor e quantidade de álcool característicos das cervejas de vida longa, que no passado agüentavam grandes jornadas sem refrigeração. Entretanto, a Ouro Preto não atendeu ao estilo German Dunkel em que se propõe. É uma boa cerveja, mas o malte torrado na própria cervejaria salientou um aroma e sabor de café que não convém a uma Dunkel tradicionalmente alemã.
Em avaliação de cervejas, sempre explico que partimos do conhecimento do específico produto, para não tiramos o mérito de experiências, e de toda uma ambientação criada (nomes e rótulos entre outras ações pitorescas) para reter informação nas diversas mídias públicas. Ainda assim, o que timoneia a avaliação é o resultado pretendido da receita. Por exemplo, se produzi uma Stout, tenho uma Stout, e avaliarei uma Stout. Logo, o tipo de cerveja conduz toda a avaliação para saber se foi bem sucedida ou não. Por isso que, a pesar de termos gostado da Falke Bier Ouro Preto, a sua classificação quanto ao tipo não nos permite agrupar boas notas. Não convém a uma verdadeira Dunkel despertar demasiadamente os aromas de café obtidos no malte.
Pegando carona no Trinkt Mehr, citando parte de música de Raulzito e Paulo Coelho “Pedro, onde você vai eu também vou”, divido o desânimo frente ao resultado da ousada experiência da Demoiselle. Quisera, a cervejaria Colorado, que estivéssemos nos referindo à aeronave de Santos Dumont, que tantas vezes foi reproduzida, porém aqui no TELECERVEJA nosso foco não paira no ar. A cervejaria que só ostenta cervejas com algum ingrediente tupiniquim, lançou recentemente o quarto rótulo: uma Porter com adição de café. Nesse caso, torna-se clara a pretensão do produto final, onde podemos avaliar com precisão o estilo do projeto. Embora tenha gostado das outras três cervejas Colorado, como a Cauim da imagem, ao contrário da Falke Bier Ouro Preto, a Colorado Demoiselle atende com louvor aos requisitos da avaliação, mas fica devendo ao meu particular paladar. Frente à essa Porter, prefiriria beber um bom Bordeaux, ainda mais se fosse em uma casa de campo na própria região...
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