quinta-feira, 16 de junho de 2011

CERVEJA E FILOSOFIA? CLARO!



Com a curadoria do auspicioso burgomestre Sady Homrich, categórico entusiasta da cerveja, o Extra-Malte, de Junho de 2011, abordou o tema “Cerveja e Filosofia”. Essa edição especial ocorreu, excepcionalmente, fora do Studio Clio (sua habitual guarida), em visita à altiva torre da operadora Claro, patrocinadora do evento em conjunto com Nacional supermercados. O local, no morro Santa Tereza, em Porto Alegre, além de nos brindar com uma bela vista da cidade, apresentou invejáveis instalações - e um notável projeto arquitetônico, ainda mais para esse arquiteto que vos escreve...




Na torre, os convidados estavam à altura! O professor Francisco Marshall, idealizador do Studio Clio, com sua magnânima eloqüência, expôs a historicidade filosófica da humanidade que assaltou e ainda assalta a cerveja. Já o comendador cervejeiro mineiro Marco Falcone, sócio proprietário da Falke Bier, discorreu sobre o universo real da cerveja. Filosofando questões cotidianas e, menções do livro “Cerveja e Filosofia” de Steven D. Hales.
 
 
Nessa abordagem de filosofia - do grego “amigo da sabedoria” (filo=amigo; Sofia=sabedoria) – a cerveja é “sinônimo de prazer”. Ainda que existam os efeitos psicotrópicos do álcool, o degustador de cerveja absorve a tradição do congraçamento da bebida. O simpósio grego significa, literalmente “beber conjuntamente” (syn=junto; posis=beber), onde a ‘união’ é a palavrachave da cerveja. Seguindo essa comparação, podemos afirmar ainda que o fermento, em superioridade à água; malte; e lúpulo, é a “alma” da cerveja. E, o cervejeiro? Esse trata-se do DNA. Uma vez que os insumos da cerveja podem ser mercadorias (comodities), em relação às uvas dos vinhos, o verdadeiro “terroir” (regionalismo) da cerveja é a alma de quem fabrica.

Numa apreciação de cerveja, devemos seguir alguns preceitos. O primeiro, muito banalizado, é o respeito ao produto independente de sua origem. Podemos pecar em difamar cervejas industriais por mera ignorância. O segundo é estar aberto a descobertas, livres de cobranças em relação às propriedades organolépticas. E, o terceiro, é que vale a máxima “Beba Menos | Beba Melhor”.

Em meio a toda essa atmosfera cervejeira, o Extra-Malte engrandece a jornada de experiências com sublimes degustações de cervejas com acompanhamentos. À cargo da arguciosa Juliana Corrêa, Chef assídua do projeto, deleitamos com os seguintes desjejuns da noite:



A tradicional cerveja Coruja de boas vindas foi surpreendente. Provamos, em primeira mão, a novíssima Coruja Weizenbock. Cerveja de peso – literalmente. Ótimo exemplar do estilo. Perfeita. E, veio acompanhada de uma saborosa mini pizza de massa integral com cerveja.
















Seguindo na cerveja de trigo, o Penne Oriental (com molho de ostras, legumes, azeite de gergelim torrado e amêndoas crocantes) foi o acompanhamento da Falke Weiss. Assim como a Falke IPA, recebeu a mesma certificação mineira para uso do selo da “Estrada Real”. No telão, teve direito à exibição de seu novo rótulo - após um tropeço da antiga agência que plagiou um vetor da Lübzer, a Falke se superou com uma belíssima retratação da Marienplatz de Munique com adorno da bandeira bávara.














O prato principal, Xixo (regado em azeite aromatizado com ervas frescas acompanhado de farofa de erva-mate) - “mini espeto com churrasco” conhecido dos gaúchos, mas originalmente inserido pelos árabes - oportunamente veio casado com a Dado Bier Ilex (cerveja com Ilex Paraguariensis, erva-mate). O interessante nessa harmonização foi que tanto na farofa (com 1/10 de erva-mate), como na reformulação da Dado Ilex, o gosto de erva-mate soou de modo muito sutil. Em ambos os casos, o rígido controle na medida do sabor da especiaria nos causou dúvida. A Dado Ilex, na época de seu lançamento, foi degustada na primeira edição do Extra-Malte e, de lá para cá, percebemos que a presença do sabor de erva-mate diminuiu. Provavelmente por conta duma vocação mercadológica para atender a uma fatia maior de consumidores. O que nos imprime pensar sobre a verdadeira importância de especiarias em cervejas “frutadas”. Mera publicidade ou receita peculiar de fato? Mas, aqui impera a liberdade. Desde que seja possível sentir o gosto da especiaria na cerveja, ou até que essa sirva como ingrediente em substituição de outros, ainda vale...





Como de costume, para finalizar o último serviço, fomos presenteados com uma sobremesa repleta de predicados: “Brownie de chocolate meio amargo e nozes, sorvete de gengibre, coulin (molho/calda) de frutas vermelhas, e farofa crocante”. Voltando às cervejas de trigo, a Paulaner Hefe-Weissbier fechou a degustação com suas notas de fermento. Algo que incorporou com as complementações e contrastes da sobremesa.















O Extra-Malte, cada ano mais maturado, é hoje uma das indispensáveis experiências que o amante da boa cerveja pode desfrutar. Um simpósio onde a ambientação cervejeira é praticamente completa, acompanhado de pessoas que aderem a essa atmosfera.
Se tu não podes presenciar esse evento sito em Porto Alegre, deves torcer para que ele visite a tua cidade, assim como já ocorreu em Blumenau e São Paulo. Todavia, provido dessas mesmas qualidades tu podes repercutir esse espírito cervejeiro entre os teus amigos em qualquer lugar. Divulgues a boa cultura cervejeira!

Sady, Abraão, Micael, Patrick, Alaor, Pedro, Fabian, Fernando, e Marco



2 comentários:

Blog Del Güerdo disse...

VALEU, TELECERVEJEIRO PATRICK!
CONTINUEMOS NOSSA LUTA POR UM MUNDO CERVEJEIRO MELHOR!
QUE A FONTE NUUUUNCA SEQUE!

ABRAÇO DO BURGOMESTRE

Marco Falcone disse...

Patrick, seu relato resume muito bem o que foi este belo evento. Continue blogando sempre bem assim, meu caro, é leitura obrigatória para todo cervejeiro.

Um abraço,

Marco Falcone

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