domingo, 8 de abril de 2012

A CERVEJA MAL CERVEJADA






Está no ar mais uma reles campanha publicitária de cerveja. Numa tentativa equivocada de agregar valor à marca Kaiser, instalou-se um constrangimento aos consumidores de Heineken em função da cervejaria avalizar qualidade a essa outra cerveja do portfólio da empresa.

Partindo da premissa que o tipo de propaganda aferida às competitivas cervejas de linha segue o padrão do produto e do público alvo: cervejas com matéria-prima barata para consumidores com pouca exigência. Sendo um “Cervejão” ou cervejas estupidamente mofadas com processos “360°” ou “sub zero”, entre tantos outros contos, tudo é permitido para inundar o mercado com pseudocervejas. Assim, podemos concordar que o mercado é democrático. Há cerveja para todos os gostos – e bolsos. Estamos livres da ditadura e do racionamento de cerveja que já tivemos que passar. Cada consumidor tem a liberdade de escolher a cerveja que lhe agradar.

Infelizmente, a Kaiser, que, hoje, é uma das melhores cervejas em seu segmento, não foi assim ao longo de sua história. Do mesmo modo que a falecida Malt 90 (Malt “Nojenta”), a Kaiser, em alguns estados da federação teve um valor negativo agregado à sua marca: o valor de “uma cerveja com sabor ruim”. E, de fato era. A Kaiser do passado tinha um sabor mais intragável que suas concorrentes. A marca tinha tanta falta de prestígio que quando colávamos um rótulo de Kaiser num casco de Brahma, o temerário brahmeiro conseguia achar a Brahma ruim... Muitas campanhas publicitárias foram hasteadas para tentar valorizar a marca Kaiser, tanto que podemos notar a repetitiva mudança do brasão (vamos combinar... esse colchete e chave atual é de lascar...), todavia a memória degustativa do consumidor amarrou o produto para sempre. Um dos piores vícios que uma marca pode ter é quando ela se transforma em chacota. Levar Kaiser num churrasco sempre foi sinônimo de piada! Sempre achamos que o caminho natural da marca Kaiser fosse o abandono, tanto é que a “Kaiser Gold” virou apenas Gold... Entretanto, e talvez, o custo para reposicionar uma marca seja, às vezes, mais barato do que criar uma nova. E, quem sabe, estragar outra marca? A Heineken!

E, tem mais! Se, tratamos especificamente da marca Kaiser, defendendo o sabor de sua cerveja; o mesmo não podemos afirmar da Heineken. A Heineken, uma marca líder, que nessa campanha é utilizada para agregar prestígio à Kaiser, anda um tanto apática em seu sabor. As versões nacionais (garrafas de 355 e 600 ml), diferentemente das holandesas (barrilete, lata, e garrafas de 650 ml), andam muito fracas em sabor. Legitimamente aguadas, sem sabor de malte e, com raro buquê de lúpulo Saaz – reconhecimento clássico da cerveja. Por tanto fica a pergunta: Será que a Kaiser anda prejudicando, além da marca, a receita da cerveja Heineken?


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