Novamente, o nosso amigo Chef Sander Beschor nos brindou com um jantar memorável que zitoharmonizamos com cerveja. Essa verdadeira aula de gastronomia ocorreu, dia 10 de Maio, na confraria União Cooks e, a cerveja porto-alegrense Baldhead foi a convidada para acompanhar os serviços dos pratos. Tudo equilibrado, com a mais alta qualidade. E, só não divulgamos as receitas dos pratos, porque, aqui no TELECERVEJA, o nosso mote tange à cerveja...
Para os quatro serviços que tivemos no jantar, foi possível seguir a ordem natural de degustação das três cervejas de linha da Baldhead - ainda que repetindo a última. Começando pela mais leve, carregando no corpo e na potência do sabor, foi possível compor as mais indicadas combinações dentro da distribuição dos rótulos. Cervejas leves ou fortes requerem pratos de mesmo peso.
Entrada
Para acompanhar o primeiro serviço - de nome extenso -, a pedida foi a Baldhead German Style Kolsch Beer. Estilo refrescante, de alta fermentação, tradicional do sul da Alemanha, com malte de trigo, que apresenta um sabor adocicado, mas com equilibrado amargor e aroma frutado. A bebilidade dessa cerveja traduz-se num corpo suave. Todas essas características citadas favorecem o início duma instigante degustação e, combinam com a leveza dos pratos de entrada. O sabor de peixe da botarga (trompas de Tainha) é pontual no conjunto, indo de encontro à presença sutil de trigo da cerveja. Ao passo em que vão sendo apontados os diferentes sabores, suas combinações vão criando terceiros. O objetivo do primeiro serviço é, sempre, abrir o paladar.
Primeiro prato
Como dita a recomendação geral, o primeiro prato principal, assim como a cerveja degustada segue carregando sua consistência. Sendo a próxima cerveja, evidentemente mais forte, só esse fato, inicialmente, já avalizaria a escolha da Baldhead English Bitter Pale Ale para esse casamento. Todavia, o expoente amargor da dita cerveja, potencializado pelo marcante do malte aferiu uma porta de entrada para receber outros sabores como o grelhado e o defumado presentes no prato. A Pale Ale denota uma coloração média e pálida que tem origem num malte mais tostado, o que pode ser usado como um indicativo na harmonização quanto à cor resultante da cocção dos pratos.
Segundo prato
Por fim, a cerveja mais pesada com o prato mais pesado. A complexidade da Baldhead Belgian Dark Strong Ale, ordenada por uma estrutura mais encorpada e alcoólica, exprime sabores mais marcantes que oscilam do doce ao amargo. A potencialidade de caramelização dos grelhados (seja pela reação de Maillard) proporciona os anseios da combinação com a Dark, ainda que a utilização da cerveja Dunkel no molho não é determinante para essa escolha, e sim para reforçar os sabores assados do prato.
Sobremesa
cocada de cerveja com pimenta; cocada de tangerina; abóbora cristalizada; ambrosia de maracujá; doce brigadeiro; e farofa de frutos brasileiros
Sabendo que a perfeita zitoharmonização com doces é muito difícil, não poderia ser diferente em preferirmos a repetição da cerveja com maior doçura, ainda que respeitando a subida escala de sabores mais pesados e complexos. Uma vez que nossa linha de zitoharmonização, curiosamente, acompanhou o aumento da pigmentação das cervejas, isso não foi intencional. A cor dos estilos das cervejas não é parâmetro para aferir características intrínsecas a outros sentidos. Por exemplo, uma Stout escura é menos complexa do que uma Strong Ale clara. Na dúvida, antes de compor as combinações, é imprescindível provar as cervejas e os pratos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário