A Bohemia, ou Boêmia, historicamente – para não significar vadiagem ou vida airada -, é um reinado que engloba grande parte da República Tcheca, sendo limitada, ao leste, pela Alemanha; ao nordeste, pela Polônia; Moravia (Tcheca), ao sudeste; e Áustria, ao sul. Notavelmente uma região européia de grande tradição no fabrico e no consumo de cerveja.
Em 1853, a primeira cervejaria do Brasil (há estudos que contestam esse título), notavelmente, recebeu o nome de Bohemia por conta do estilo da família Lager, criado em Pilsen, na Boêmia: o estilo Pilsener. Naquela época, em que os europeu traziam suas cervejas nórdicas ao Brasil, a Pilsener foi a cerveja que melhor se adaptou ao clima “tropicaliente” do Brasil, sendo, hoje, o estilo mais consumido no país e no mundo. Guardadas as proporções, uma Pilsener de fato é mais lupulada do que as nossas “Pilsens”, que na verdade enquadram-se no estilo “American Lager”. O escritor cervejeiro, Ronaldo Morado, sustenta, ainda, que o Brasil tem um estilo próprio de cerveja, e estuda em leva-lo ao BJCP. Acredites, ou não, afirma ele que a Malzbier é nossa! Não seria melhor que essa acusação passasse desapercebida? Então, nós concordamos que o que é historio deve ser registrado. Se for verdade, que seja inserido esse estilo “Brazilian Lager”!
Pois bem, vamos discorrer sobre as cervejas Bohemia, da Ambev.
A Pilsen, como já descrevemos, não é Pilsen, logo compete com todo o mercado das “Americans Lagers” brasileiras. Em teste cego que realizamos (como no novo reclame da Kaiser), existe uma diferença muito pequena, em termos de qualidade, em relação às suas concorrentes. Assim, a Bohemia Pilsen é uma cerveja que não nos agrada, que caiu em lugar comum.
A chamada “linha especial” ou “linha premium” da Bohemia é, em nossa opinião, um conjunto comercial de produtos bem-sucedido. Mas o que é cerveja “especial” ou “premium”? Isso é pura propaganda! Qualquer cerveja, dependendo da situação, ou apuro de seus ingredientes, é especial. Portanto, já começa por aí... Se “para bom entendedor um risco é Francisco”, chamar uma cerveja de especial, no geral, é falta de conhecimento, onde tudo o que não é “American Lager” é especial... Tudo bem. Pulando essa parte, essa linha “diferente” de Bohemia tem seu valor. Ela trouxe novos estilos ao mercado, e juntamente com a “etiqueta cervejeira”, difundiu a cultura cervejeira. Se existem os “enochatos” – os enólogos muito exigentes – aqui estamos nós: os “zitochatos”! Para nós o termo não soa como pejorativo, muito pelo contrário, mostra o desenvolvimento de nossa capacidade crítica sensorial. Desse modo, apesar de gostarmos dessa linha, como produto, já não nos satisfaz mais ao paladar. Se comparadas a outras cervejas de mesmo estilo - ainda que a Bohemia Oaken a estilos próximos, sem remeter à Nó de Pinho -, as Bohemias configuram-se como um mau custo-benefício. Portanto, não as recomendamos pelo valor que são cobradas. Prefiras cervejas nacionais artesanais ou importadas. Se quiseres ficar no time da Brahma, troque a Bohemia Weiss, da Ambev, pela Franciscaner, da InBev!
Nosso veredicto:
Bohemia Weiss
Falta malte. Sabor e corpo aguado. Aroma suave demais ao estilo, e espuma artificial.
Bohemia Schuartzbier
O gosto tostado é satisfatório para uma cerveja escura, porém o sabor residual é praticamente nulo. Espuma artificial como a Weiss.
Bohemia Abadia
Falta de maltes como a Weiss.
APARÊNCIA – A cor âmbar escuro vibrante agrada, embora o creme tenha má formação, mantido com esforço à base de estabilizante.
PRESSÃO – O som da espuma,se extinguindo com certa rapidez salienta a carbonatação mediana.
AROMA – Perto de um defumado. Não acreditamos que seja realmente de um barril de carvalho. Soa como aroma artificial.
SABOR – Paladar suave demais. Não há muito que esperar. Parece refrescante, mas, com adjuntos cervejeiros, ela é doce demais.
CORPO – Equilibrado, mesmo pouco encorpado e com média pressão.
IMPRESSÃO GERAL – Espera-se mais dessa cerveja, pelo apelo de “barril de carvalho”.
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2 comentários:
Certamente não é maturada em barril de carvalho, atente para os dizeres: "com carvalho" e não " em carvalho". Na verdade é colocada algumas pequenas lascas de carvalho junto na maturação, mais para poder dar uma nomenclatura e depois aromas articifiais nela.. Mesmo porque não seria possivel ter um barril de carvalho de 400.000 litros.
Prezado Marcel,
agradecemos a tua esclarecedora participação. Em relação ao lançamento de novos estilos de cerveja, tais afirmações nos colocam em dúvida quanto ao fomento da cultura cervejeira. Em que momento uma cerveja como essa, assim como a Antarctica Sub Zero agregam prestígio para o mercado da – boa - cerveja? Chamam atenção pela novidade. Mas, será que atestam qualidade?
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