segunda-feira, 29 de setembro de 2008

EL BOLSÓN

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Já que o inverno desse ano passou, e ao menos aqui em Porto Alegre não nos despedimos com frio, resolvi expor a avaliação de uma cerveja trazida de Bariloche. Regalo ofertado pelo meu irmão mais velho que tem o nome em homenagem a um antigo presidente da França: Giscard. A “cerveza” que passou pela neve Argentina e chegou ao meu copo não agradou muito, mas leva o mérito da produção artesanal.

Assim como o Giscard, o nome da cervejaria advém de homenagem. No início do século passado, o alemão Otto Tipp se instalou na pequena cidade argentina El Bolsón, na região da Patagônia, onde em 1914 abriu uma cervejaria em sua casa - história comum em regiões de imigração alemã. E, toda a vez que hasteava uma bandeira branca, sinalizava uma nova produção de cerveja. Na busca dos insumos da bebida, Otto começou a plantar lúpulo, embora na época não cultivava a melhor variedade para cerveja. Outros tipos de lúpulos foram importados algumas décadas depois, onde o Cascade (aromático) foi o que melhor se adaptou ao clima - que deve ser bastante frio. Conseqüentemente, a cidade se tornou a capital nacional, da Argentina, na produção do produto dessa trepadeira, especificamente o pistilo feminino da flor. Em todos os anos têm acontecido o Festival Nacional do Lúpulo.
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Dos vários tipos da
cerveja El Bolsón, degustamos a Negra Extra, que é uma Bock com 6,2% de APV. A coloração bem escura denuncia a boa fração de malte tostado. Nossa cerveja estava prejudicada pela baixa pressão na garrafa, que não sabemos se foi conseqüência da odisséia entre a Patagônia e Porto Alegre. O aroma e sabor de malte foram satisfatórios, certamente, decorrência da generosa quantidade do ingrediente. Embora, inicialmente, imaginamos que a cerveja oriunda da capital argentina do lúpulo explorasse essa matéria-prima, percebemos que a cervejaria, adequadamente, seguiu o estilo clássico da Bock sem esse toque pessoal. Devido a carbonatação insatisfatória, o corpo da cerveja não agradou na sensibilidade da boca. Embora, inicialmente a Classificação pelo método Stephanou indentificou a El Bolsón Negra Extra como uma boa cerveja, a Avaliação preponderou e reordenou a cerveja como mediana, dada a nota 6,41.
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Falando de lúpulo, falndo de flores; já que a primavera está aí, andei comprando umas Edelweiss!

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

PREÇO DO PRAZER

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Foi publicado, hoje, mais um artigo da nossa coluna quinzenal para a cerveja Baden Baden. Incito à reflexão do consumo em nossa sociedade e
Sociedade...

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

“AGRADEÇO À ANTARCTICA PELAS BRAHMAS QUE GANHEI”

. CLIQUE AQUI! E SAIBA MAIS






Oficialmente, no dia 06 de Setembro de 2008, a Brahma completou 120 anos. Para uma cerveja brasileira, é muito tempo, porém se fosse na Europa, se enquadraria nas cervejarias novatas. É esperado que muitas transformações tenham acontecido. A empresa, ao contrário de tantas outras que fecharam ou foram incorporadas, evoluiu, e hoje encabeça o maior grupo cervejeiro do mundo, a InBev. Sempre tive um carinho à parte pela Brahma por ter sido vizinho, durante uma duas décadas, da antiga fábrica ex-Bopp, Sassen, Ritter; ex-Continetal, ex-Brahma, atualmente sede do shopping Total, que abriga o evento cervejeiro anual do Tcherveja (clube cervejeiro gaúcho), no bairro independência. Lembro-me de ter visitado essa unidade na época em que só bebia as Pepsi Colas distribuídas pela própria cervejaria. Certamente o meu primeiro contato com o mundo cervejeiro foi nessa extinta fábrica que deixou prédios tombados, do Construtor-Arquiteto alemão Theodor Wiederspahn, que entre eles destaco o edifício da brassagem que expõe uma estátua de Gambrinus (de Alfred Adloff) afixada na fachada. A festa popular “Chope na Avenida” (Cristóvão Colombo), assim como a mim, deixou outros órfãos. Nessa mesma avenida, em cada edição da festa, na testada que hoje abriga uma agência da indesejável Caixa Econômica Federal, eram colados rótulos dos cascos de 600 ml na moldura dum portão, composto pelo adorno de garrafas, no prédio da estátua do Elefante. Eu tenho saudade do tintilhar do engarrafamento passível de se ouvir nas madrugadas – quando a cidade dá trégua ao silêncio -, de outro lado, o bagaço do malte descartado ao esgoto não traz boas lembranças associadas ao sentido que mais agrega memória – o olfato.

Meu pai sempre foi brahmeiro, e com essa cerveja pude dar o primeiro passo, ou o primeiro gole. Tive a oportunidade de beber boas Brahmas, como a inexplicável edição limitada da Brahma Bier (tipo Helles), ou ainda, mais triste do que isso, tipos como Porter e Stout disponíveis no Chile. Do mesmo modo em que dispensei a Brahma Light, a Fresch segue o mesmo caminho. De toda a glória que a cervejaria Brahma alcançou nesses 120 anos decorridos, certamente fica a pergunta: Por que, em seu país natal, a Brahma só atende ao segmento das cervejas populares, e não exista uma linha especial? Perguntes ao Zeca Pagodinho, que por algum milhão, já defendeu outra marca...
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O diário Mundo das Marcas tem uma bela matéria sobre a
trajetória da Brahma. Vale a pena dar uma lida, ainda mais se tu estiveres com uma boa cerveja artesanal na mão!

terça-feira, 23 de setembro de 2008

GRE-NAL É GRE-NAL E VICE-VERSA

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Enquanto porto alegrenses (gremistas) e colorados aguardam o próximo Gre-nal, clássico futebolístico de maior rivalidade do Brasil, a Ambev segue distribuindo, em estabelecimentos varejistas do Rio Grande do Sul, latas de 350 ml da cerveja – regional - Polar, com pintura alusiva às duas equipe. Claro que cada time em uma lata, pois existem alguns gaúchos que são mais anti-colorados ou anti-tricolores, do que torcedores do Porto Alegrense (Grêmio) ou do Internacional. O embate será, no próximo domingo, dia 28 de Setembro, às 18h 10, no estádio José Pinheiro Borda, correndo pelo Brasileirão 2008 (campeonato brasileiro). Não é permitido beber nas imediações e no próprio estádio, assim como é proibido adentrar alcoolizado.


A cerveja Polar é uma cerveja do tipo pilsen tupiniquim, com adição de cereais não maltados, carboidratos, antioxidante, e estabilizante de espuma. A cerveja em si fica a desejar, mas a lata de um dos times é muito mais bonita que a outra... Eu sempre torço ao melhor!

domingo, 21 de setembro de 2008

NOVA CÒSTI


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Comecei a colecionar cervejas em setembro de 1990, seguindo a crise da cerveja nacional que abriu as portas para as importações de cervejas como Holstein, Heineken, Oranjeboom, Royal Dutch, Paceña, Budweiser, entre tantas outras que supriram nossas gôndolas. Lembro-me que além de latas e garrafas oriundas de viagens, eu adquiria cervejas em todos os locais que as vendiam - a meu alcance. Era comum restaurantes, casas de conveniência, e distribuidoras de bebidas manterem contratos de importação com cervejarias pequenas que não passavam pelos grandes estabelecimentos varejistas. Assim, a pesar dos antigos da família já se conhecerem do bairro Floresta, em Porto Alegre, cheguei à empresa da família Costi, a Costi Bebidas. Eu era um pré-adolescente quando entrei pela primeira vez na Costi em busca de latinhas e garrafinhas de cerveja, que raramente bebia, entretanto podia comprar – pois hoje a legislação não permite. Pouco achei de novidade naquela década de 90, mas os anos se passaram, e hoje, completando 51 anos no segmento de distribuição de bebidas, a mesma loja da rua Santos Dumont, número 752, apresenta a maior carta de cervejas do sul do país. São cerca de 150 rótulos entre cervejas nacionais e importadas. Fruto da dedicação do amigo Rogerio Còsti, que desde 2006 capitaneia a primeira loja virtual de cervejas do Brasil, o
Cervejasnet, que tem uma confraria especializada na degustação do produto.
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Correndo sempre, seja no trabalho ou na
Cerva Runners, o Rogerio, recentemente, dia primeiro de agosto, abriu a primeira filial da Costi Bebidas. Agora, na zona sul de Porto Alegre, sito à rua Doutor Barcelos, 910, os amantes da cerveja, e quem sabe de outras bebidas, têm mais um endereço para encontrar essa ampla variedade de cerca de dois mil produtos, entre bebidas, acessórios, e insumos gastronômicos finos como azeites e temperos. A filial possibilita a degustação de algumas cervejas ao custo do serviço de 20% sobre o preço de venda. A proposta é a experimentação no local de compra. Não há acompanhamentos, pois não tem a finalidade do serviço de bar. Se na matriz o horário é comercial, ainda que abrindo aos Sábados pela manhã, na Costi zona sul, existe uma flexibilidade maior, operando de segunda-feira a sábado das 10 às 20 horas. Os preços das lojas são os mesmos que encontramos no sítio da empresa, e entregas de bebidas podem ser programadas em até um dia de antecedência. Conheça a nova loja da Costi, no bairro Tristeza, e entenda porque o nome do bairro deveria mudar para Felicidade!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

A SÉTIMA FACE DO DADO


Na terceira segunda-feira de Setembro, a confraria Degusta visitou a microcervejaria Dado Bier, em Porto Alegre. A convite do amigo mestre-cervejeiro Carlos Bolzan, degustamos os três mais recentes dos sete rótulos: as premiadas Belgian Ale e Ilex, e a American Brown Ale. Aliás, essa última, a A.B.A. ainda não tem rótulo, pois até que esse fique pronto, segue vendida apenas na versão chope em barril. A fábrica de cerveja da Dado Bier é abrigada no histórico prédio das caldeiras, construído em 1916, no antigo complexo Renner, industria que teve até time de futebol, já extinto, que venceu o campeonato gaúcho de 1954 - o famoso “Papão de 54” – desbancando os dois rivais Porto Alegrense e Internacional. A estrutura da microcervejaria atende uma produção mensal de 60.000 litros e pode engarrafar uma garrafa a cada 2,5 segundos – que dizer que, no tempo da leitura dessa matéria, daria para encher a mesa de garrafas de cerveja... Continue lendo!
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Já citei as três cervejas degustadas, nesse Degusta, aqui no TELECERVEJA. Todavia, não traduzi, em palavras, a minha opinião sobre a ABA - como eu gosto de me referir à Dado Bier American Brown Ale. Está certo de que experimentei a versão atual, em chope, ou seja, cerveja não pasteurizada, mas de qualquer forma, mesmo que isso seja uma vantagem, essa cerveja é muito apreciável. O projeto surgiu de uma
Free Beer, e com a teleparticipação da Cilene Saorin, o Bolzan desenvolveu o seu entendimento para esse estilo impar no Brasil.
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Visualmente dotada de uma coloração âmbar e espuma consistente, podemos atestar a boa carbonatação pela leve sensação do corpo gaseificado. Buquê de lúpulo aromático, e conseqüente retro-gosto amargo, onde o gole inicia adocicado e culmina na percepção de álcool. Boa beberibilidade, que condiz ao estímulo de “quero mais”. Na onda da harmonização de cerveja com música, eu sugiro a dobradinha: apreciação da ABA, ao som de ABBA Gold, Gimme! Gimme! Gimme!

terça-feira, 16 de setembro de 2008

CHOPE OLIMPO, CERVEJA OLÍMPICA!

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Ocorreu entre os dias 9 e 11 de setembro, no Transamerica Expo Center, em São Paulo, a TecnoBebida (Feira Internacional de Soluções e Tecnologia para Indústria de Bebidas). Durante o evento, expositores de vários países como Chile, Alemanha, China, e Nova Zelândia apresentaram novidades em matérias-primas, aromas e concentrados, máquinas, embalagens, equipamentos laboratoriais, logística & serviços e automação industrial do mercado de bebidas. Dentro do evento, aconteceu a premiação TecnoBebida Award 2008 que concedeu o prêmio “Produto Mais Inovador” à cerveja Falke Bier Triplel Monasterium, que citamos em nossa recente matéria.
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Nossos cumprimentos aos irmãos Falcone, em especial à figura do folclórico Marco Antonio Falcone. A dedicação envolvida em todo o processo de realização de uma cerveja, é com certeza, transferida ao produto final. Toda a ambientação e o carinho dados pela Falke Bier, tu encontras em cada detalhe. Para sinalizar o descanso das garrafas que passam pelo processo de Remuage, uma placa indica “Silêncio! Monasterium dormindo”. Ainda, podes entrar no clima com a harmonização de cerveja com música, ou da imagem com os monges Falcones divulgando a Monasterium no Brasil Braü do ano passado... E o que dizer de um cálice gravado a ouro? Deu no que deu... É ouro!

domingo, 14 de setembro de 2008

ESTADO DE CONSCIÊNCIA INALTERADO

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Ainda está em voga debates sobre a intolerância alcoólica em condutores de veículos automotores. Não há dúvida de que não podemos tolerar os riscos nocivos da influência do álcool nas pessoas. Já nem discuto mais a lei. Não reitero que a lei anterior, se fiscalizada, poderia ser mais justa. Enfim, o que importa é que o medo de ser pego nas mitológicas batidas policiais faz com que os bons cervejeiros não caiam em tentação. Eu não bebo mais cervejas saborosas antes de pegar o carro. Tirando as cervejas do tipo daquela que divulga a campanha “motorista da rodada”, que é a mesma campanha do Capitão TELECERVEJA que criamos aqui, o único tipo de cerveja ruim que eu bebo em situações adversas é a não alcoólica. Eu citei “situações adversas”! Sim, porque eu só bebo cerveja sem álcool se o local em que estiver não tenha água com gás ou suco natural, ou se o motivo for uma degustação. Ao contrário de muitos cervejeiros, eu não fujo de degustações, mesmo quando a cerveja seja reconhecida pelos péssimos atributos, e ainda, não coloco cerveja fora – a não ser que esteja estragada ou descaracterizada. Nessas condições, bebo todo copo que eu servir para mim. O ato de jogar cerveja fora, seja qual for, será lembrado quando a sede vir à tona...

Nesses tempos pós lei seca ao condutor, recebi várias divulgações de que os bares de maior consumo de cerveja quadruplicaram as suas raras vendas de cerveja sem álcool, e muitos, agora, dispõe de um novo produto, o chope sem álcool. Vejam que o mercado brasileiro mudou, assim como o mesmo já aconteceu em outros países.

As cervejarias, assim, tentam se adequar a essa nova demanda. Existem diferentes tecnologias para a produção de cervejas sem álcool - pois não se injeta álcool na bebida, ele advém naturalmente da fermentação. Existem tipos de cerveja, que em função de propiciarem maiores quantidades de açucares, como a maltose, ou maior tempo de fermentação, geram maiores e desejadas quantidades alcoólicas. Mas, os métodos mais comuns de produzir uma cerveja ruim, digo, sem álcool, são a fermentação interrompida (temperaturas mias baixas), retenção por membranas ou por variação térmica. Todavia, infelizmente, até onde se sabe ou seja possível fisicamente, não existe nenhuma cerveja não alcoólica que mantenha as mesmas características - em que pese o sabor – de uma cerveja elaborada pelo processo tradicional. Vale lembrar que na maioria das legislações federais do mundo, a cerveja que tenha até 0,5% APV (álcool por volume) é considerada sem álcool, como aqui no Brasil

Já que tenho criticado as cervejas sem álcool brasileiras, potencializado por ser um apreciador de cervejas de trigo, resolvi promover um teste entre a Erdinger tradicional e a não alcoólica. O resultado, que esperava ser menos traumatizante, foi o mesmo das cervejas nacionais: cerveja sem álcool é ruim até na Alemanha! A seguir, seguem as minhas impressões do embate Erdinger Weissbier (5,3% APV) versus Erdinger WB Alkoholfrei (0,4% APV).
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Erdinger Weissbier
Cerveja de trigo popular na Alemanha. Adequada coloração dourada turva, boa pressão, porém muito tímida quanto ao aroma. A Erdinger degustada não despertou o esperado buquê de acetato de isoamila (éster com odor de frutas), que é o odor de banana característico do estilo. O aroma resumiu-se a uma leve percepção adocicada. O sabor também decepcionou. Sentimos pouco gosto de produto de trigo e um amargor indesejado. A boa carbonatação e o corpo relativamente leve trouxeram uma boa sensação de beberibilidade. Na impressão geral, desapontou, mostra-se uma cerveja de trigo pouco consistente.
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Erdinger Weissbier ALKOHOLFREI
Creme desuniforme e aerado com bolhas muito grandes. Cor dourada brilhante, porém pouco turva para uma cerveja de trigo – parecia uma pilsen artesanal... Boa pressão na garrafa e pouca carbonatação no copo. Aroma predominante de malte de cevada – lembre-se que é uma cerveja de trigo! - e leve presença de lúpulo. Sabor geral de qualquer coisa, menos de uma cerveja de trigo... Entrou na lista das cervejas que eu não compraria novamente, mas nunca diria que não beberia!
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Conclusão
Se fores beber uma cerveja de trigo, prefiras uma Licher, Paulaner, Weihenstephaner, Baden Baden Weiss, Eisenbahn Weizenbier...
Se fores dirigir, não beba.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Homem se tornou agricultor para beber cerveja, diz biólogo



Pesquisa foi apresentada em novo livro sobre origens da agricultura.Aporte alimentar da lavoura, no início, teria sido pequeno demais.


O homem se tornou sedentário e agricultor há cerca de dez mil anos, iniciando a Revolução Neolítica, para beber cerveja e se embriagar, e não com a finalidade de melhorar ou garantir sua alimentação. A afirmação foi feita pelo biólogo e historiador natural alemão Josef H. Reichholf em seu novo livro "Warum die Menschen sesshaft wurden" ("Por que os homens se tornaram sedentários", em tradução livre).

A obra começou a ser vendida hoje nas livrarias da Alemanha e explica as causas da revolução que deu lugar à formação de povos e religiões. O acadêmico da Universidade Técnica de Munique considera errada a teoria de que a humanidade começou a cultivar plantas, abandonou a vida nômade e se estabeleceu de maneira permanente em um lugar determinado para se alimentar melhor.
"Essa visão habitual confunde causas e conseqüências. Para que os caçadores e agricultores abandonassem sua forma de vida e alimentação tradicional teve de acontecer alguma vantagem inicial", explica, e ressalta que no início "o cultivo de plantas não trouxe consigo nenhuma vantagem sobressalente para a sobrevivência".


Trabalho demais

Reichholf acrescenta que as colheitas iniciais eram muito pequenas e o cultivo da terra era muito trabalhoso, o que não garantia a sobrevivência de um povo apenas da agricultura. Ele afirma que o homem neolítico continuou caçando e colhendo para subsistir. Nesse sentido, classifica igualmente de errada a teoria de que nas primeiras regiões de assentamento sedentário da humanidade, que vão do Egito à Mesopotâmia, havia pouca caça e muita vegetação.

"Era totalmente diferente", assegura o especialista, que considera que essas regiões eram ricas em caça, por isso não havia necessidade de abandonar essa forma de subsistência, e julga absurda a teoria de que uma região possa ser rica em frutos e pobre em animais selvagens ao mesmo tempo.

"Ao contrário, eu afirmo que a agricultura surgiu de uma situação de abundância. A humanidade experimentou com o cultivo de cereais e utilizou o grão como complemento alimentício. A intenção inicial não era fazer pão com o grão, mas fabricar cerveja mediante sua fermentação", disse Reichholf à imprensa na apresentação do livro. O alemão assegura que a humanidade sempre sentiu necessidade de alcançar estados de embriaguez com drogas naturais que "transmitem a sensação de transcendência, de abandono do próprio corpo", conclui.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

NEM TUDO SÃO FLORES


No Extra-Malte com a Cilene Saorin, dividi uma mesa com o meu amigo Pedro Braga, e juntamente com outro amigo, Herbert Schumacher, sócio-proprietário da cervejaria Abadessa, comentamos a respeito das cervejas degustadas na ocasião. Sob harmonização de queijos, avaliamos as duplas: Dado Bier American Brown Ale com Gruyere; Falke Bier Ouro Preto com Cheddar; Falke Bier Estrada Real (English IPA) com Gorgonzola, e Colorado Demoiselle (Porter com café) com Pecorino. No quesito harmonização, ainda porque a cerveja combina com queijos ao contrário do vinho, nota dez. Estudo em que a
Eisenbahn foi precursora, juntamente com a Cilene. Todavia, gostaria de expor o meu descontentamento com duas das cervejas apresentadas nessa noite.

Abrimos os trabalhos nessa Segunda-feira pós dia da independência, almoçando na Dado Bier, à boa companhia de uma seleção cervejeira formada por Cilene Saorin; Carlos Bolzan, m-c da Dado Bier – não é mestre de cerimônias, e sim mestre-cervejeiro! -; Marco Falcone, sócio-proprietário da Falke Bier; burgomestre Sady Homrich; Jorge Gitzler, presidente da ACERVA gaúcha; Vitório Levandovski, proprietário do Armazém Bierkeller; e os amigos já citados no início desse texto. Além de cervejas da casa, saboreamos a preeminente Falke Monasterium. Compuz essa introdução para citar a Monasterium, que não foi apresentadada no Extra-Malte, e assim registramos aqui a nossa grata surpresa no oferecimento dessa primazia. Porém, nem tudo são flores... No evento da noite, a Falke Bier ofereceu outras duas cervejas de sua linha. A recém lançada Caminho Real, do estilo India Pale Ale, me agradou bastante. Amargor e quantidade de álcool característicos das cervejas de vida longa, que no passado agüentavam grandes jornadas sem refrigeração. Entretanto, a Ouro Preto não atendeu ao estilo German Dunkel em que se propõe. É uma boa cerveja, mas o malte torrado na própria cervejaria salientou um aroma e sabor de café que não convém a uma Dunkel tradicionalmente alemã.

Em avaliação de cervejas, sempre explico que partimos do conhecimento do específico produto, para não tiramos o mérito de experiências, e de toda uma ambientação criada (nomes e rótulos entre outras ações pitorescas) para reter informação nas diversas mídias públicas. Ainda assim, o que timoneia a avaliação é o resultado pretendido da receita. Por exemplo, se produzi uma Stout, tenho uma Stout, e avaliarei uma Stout. Logo, o tipo de cerveja conduz toda a avaliação para saber se foi bem sucedida ou não. Por isso que, a pesar de termos gostado da Falke Bier Ouro Preto, a sua classificação quanto ao tipo não nos permite agrupar boas notas. Não convém a uma verdadeira Dunkel despertar demasiadamente os aromas de café obtidos no malte.
Pegando carona no Trinkt Mehr, citando parte de música de Raulzito e Paulo Coelho “Pedro, onde você vai eu também vou”, divido o desânimo frente ao resultado da ousada experiência da Demoiselle. Quisera, a cervejaria Colorado, que estivéssemos nos referindo à aeronave de Santos Dumont, que tantas vezes foi reproduzida, porém aqui no TELECERVEJA nosso foco não paira no ar. A cervejaria que só ostenta cervejas com algum ingrediente tupiniquim, lançou recentemente o quarto rótulo: uma Porter com adição de café. Nesse caso, torna-se clara a pretensão do produto final, onde podemos avaliar com precisão o estilo do projeto. Embora tenha gostado das outras três cervejas Colorado, como a Cauim da imagem, ao contrário da Falke Bier Ouro Preto, a Colorado Demoiselle atende com louvor aos requisitos da avaliação, mas fica devendo ao meu particular paladar. Frente à essa Porter, prefiriria beber um bom Bordeaux, ainda mais se fosse em uma casa de campo na própria região...

MINAS BIER FEST



Entre os dias 30 de outubro e 02 de novembro de 2008, ocorrerá a primeira edição do
Minas Bier Fest. Esse festival de cervejas artesanais do estado de Minas Gerais contará com as principais microcervejarias mineiras, que são elas: Artesamalt, Backer, Brusk, Falke Bier, Krug Bier (Áustria Bier), Trovense, Wäls; e com a participação da Acerva Mineira (Associação dos Cervejeiros Artesanais de Minas Gerais).


O serviço do eveto é:

Datas e horários:
• 30/10 - Quinta-feira - abertura para convidados 19h às 24h
• 31/10 - Sexta-feira de 14h às 24h
• 01/11 - Sábado de 12h às 24h
• 02/11 - Domingo de 11h às 20h

Local:
Domus XX - Br 040 (saída para o RJ - em frente ao Mixx Garden)
Avenida Toronto, n° 20 - bairro Jardim Canadá

Contato:
(31) 3281.7234
sindbebidas@fiemg.com.brmbf@iterraviva.org.br


Cerevisia Quae Vespera Tamen!

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

DADO BIER BELGIAN ALE: Uma cerveja, duas escolas


Duas cervejas da carta da Dado Bier foram apontadas numa recente edição da revista inglesa Beers of the World. Sumidade crítica em cerveja, e editor do citado magazine, Jeff Evans pontuou a Ilex, produzida com erva-mate, em 7,75; e a Belgian Ale com a nota 8. As duas cervejas especiais foram recomendadas como “Editor’s Choice” - a escolha do editor.

Conheço a Dado Bier Belgian Ale desde que nasceu. Lembro-me, no ano passado, em 2007, de ter visitado o amigo Carlos Bolzan, mestre-cervejeiro da Dado Bier, em seu local de trabalho. A nova filha ainda estava nos tanques, e ele ofereceu-me à prova. Fiquei perplexo ao saber da fórmula que mistura a cultura de duas escolas: a belga, é claro, e a alemã. Poucos dias depois, fui convidado ao batizado, digamos, ao lançamento da nova cerveja. Lamentavelmente, um dos inesquecíveis - que lembro em parte - porres da minha vida, essa que poderia ter acabado naquele dia... A beberibilidade da Belgian Ale foi tamanha, que empolgado em estar à companhia de vários amigos do setor cervejeiro, eu bebi essa cerveja de 8,5% APV como se fosse uma Pilsen. Erro que assumo aqui no TELECERVEJA. Não tentes fazer isso em casa, ou melhor, em casa até poderias, não faças fora de casa, ainda mais se fores dirigir depois...

Voltando à Belgian Ale, vamos esclarecer que a nossa degustação, a seguir, foi feita seguindo a etiqueta! Por que dizemos cerveja de duas escolas? Porque o Carlos alcançou uma façanha produzindo uma clássica cerveja ao estilo belga à limitação da lei de pureza alemã – a
Reinheitsgebot. Esse fato não pode passar desapercebido. Quando degustamos uma cerveja, temos que saber sobre a história do produto. Nunca soube de uma Belgian Ale nessas condições. Seria muito mais fácil seguir uma receita que adiciona outras formas de obtenção de açúcares não advindos do malte - ainda que o utilizado malte de trigo não consta no rótulo...), porém esse é o maior mérito dessa curiosa fórmula.
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Dotada de uma coloração de mel, a estrutura turva bastante carregada de malte só decepcionou na espuma pouco consistente, porém cremosa – que adere ao copo -, que pode ter sido aferida pela alta quantidade de álcool. Boa pressão, certamente resultante da dupla fermentação. O aroma frutado e de malte, característico do estilo, na minha opinião, também sofreu perda na grande exalação alcoólica. Sabor adocicado e moderadamente amargo, em temperatura adequada o sabor do álcool harmoniza com esses paladares e alcança o equilíbrio. Advinda da boa pressão interna da garrafa - e não em sifão - a carbonatação também é harmônica e satisfatória. Uma observação que eu saliento é que, no meu entender, o copo tem um diâmetro grande para a sua altura, prejudicando as boas características do produto. Observação que também serve para a Ilex, onde, como idéia dividida com o amigo burgomestre Sady Homrich, o formato de cuia poderia ser referenciado na de tipo tereré, e não na tradicional gaúcha, buscando o perfil de cálice tipo snifter. Do mesmo modo, prefiro beber a Dado Bier Belgian Ale em copos de concorrentes... Quando me perguntam o que eu acho sobre beber cerveja em copo de requeijão, eu respondo: “é como comer requeijão em copo de cerveja”.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

GUIA PRÁTICO BADEN BADEN


Publicado na Sociedade Baden Baden, compus um guia prático para a apreciação de toda a linha Baden Baden, explorando o potencial de cada um dos onze rótulos. Descrevo as minhas impressões quanto às temperaturas ideais de consumo, assim como os acompanhamentos mais harmônicos. Através de um comentário, divida as tuas preferências. A crivada análise sensorial de cada apreciador nobilita o acervo de interpretações comuns. Notavelmente, sempre surge uma percepção individual que agrega e influencia o senso comum. Participe. Mude o mundo!

TENS DADO EM CASA?


Segunda-feira, dia 15 de Setembro de 2008, a confraria
Tcherveja DEGUSTA
visitará a cervejaria Dado Bier. Primeira microcervejaria do Brasil, desde 1994, que leva como nome, o apelido mais o “apellido” de seu proprietário. Confuso? Desculpe-me... É o codinome (Dado) mais o sobrenome do Eduardo Bier Correa!

A convite do estimado amigo mestre cervejeiro Carlos Bolzan, serão degustados os seis tipos de cervejas regulares, e o da sazonal Dado ABA - American Brown Ale. Os seis rótulos de linha são as Dado Bier Original (pilsen), Royal Black (Bock), Ilex (frutada), de baixa fermentação; e Weiss (de trigo), Red Ale, Belgian Ale, de alta fermentação. Não poderíamos deixar de destacar as duas marcas que receberam a menção de recomendação na avaliação da revista Beer of the World, que são os dois tipos mais recentes na carta, a Ilex e a Belgian.

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Dado Ilex
Projeto audacioso que começa a mostrar os bons resultados pretendidos. Cerveja do tipo frutada - onde há a utilização duma especiaria que agregue aroma e paladar. No caso dessa específica cerveja gaúcha, a originalidade foi utilizar Erva-Mate (Ilex Paraguariensis), o que lhe conferiu o buquê e o sabor de um chimarrão! Talvez, aí esteja o equívoco no consumo de muitos apreciadores. A Ilex não é uma cerveja para se beber em grandes quantidades, até pela sua alta graduação alcoólica de 7% (por volume). Cervejas desse tipo, devem ser apreciadas com parcimônia como um bom entrecot assado à lenha. Essa orientação, certamente, preponderou o reconhecimento internacional. Outro aspecto que devemos levar em consideração, para quem conhece o processo de fabricação de cerveja, como os jurados da avaliação da Beer of the World, é que o ingrediente erva-mate, seja de qualquer forma (folhas, pó, líquido), é “inimigo da cerveja”, pois é um agente oxidante. O Carlos, mesmo utilizando anti-oxidante, instituiu uma trégua nessa briga, conciliando a cerveja e a erva. "Sirvam nossas façanhas de modelo a toda terra..." (trecho do hino rio-grandense. Coisa de gaúcho...).


Já publiquei aqui no TELECERVEJA, a minha impressão sobre a
Ilex, e assim, aguardes a avaliação que farei da Belgian. Aproveite para fazer a tua análise, para depois contrastar com a minha. Se quiseres beber grandes quantidades, lá na Dado Bier, agora tem em sifão!

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

EXTRA-MALTE – Cilene Saorin


Como vemos em todos os postos da sociedade ocidental moderna, a mulher galgou o seu lugar ao sol. Citada em nossa matéria sobre uma
confraria feminina de cerveja, a nossa diva cervejeira brasileira estará em Porto Alegre, entrevistada na próxima edição do bate-papo cervejeiro Extra-Malte, idealizado pela cerveja Coruja. Mestre-cervejeira e beer sommelier com mais de 14 anos de experiência profissional, Cilene lidera a Associação Brasileira dos Profissionais em Cerveja e Malte e é membro do comitê internacional do Institute of Brewing & Distilling na Inglaterra.
Para ir entrando no clima, a divulgação oficial do evento sugere a leitura de uma matéria sobre zitogastronomia assinada pela célebre Cilene, na edição de Fevereiro de 2008 da revista
Menu, que expomos a seguir.
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Como Yin & Yang
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Assim como na milenar cultura oriental do Yin & Yang, o equilíbrio dos princípios ativo e passivo também se apresenta no duo cerveja & gastronomia.
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É comum pensar na cerveja como bebida auto-suficiente. Ela por ela mesma. E, de fato, a cerveja por ela mesma pode ser maravilhosa e até reveladora. Entretanto, quando combinada com a gastronomia, aí sim: encontra-se o verdadeiro prazer. Uma boa escolha neste duo pode fazer uma simples refeição se tornar uma interessante e memorável experiência gastronômica. Ter mente aberta é essencial para enveredar por este mundo à parte e aprender sobre a enorme variedade e a complexidade sensorial que a cerveja traz à mesa. Acredite: pode fazer sua vida melhor... Por isso, desperte e aguce seus sentidos, deixe-os guiar suas escolhas, preste atenção no equilíbrio de sabores, e estimule sua sensibilidade de diversas maneiras. E é assim – simples.
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Na arte de combinar cerveja e gastronomia, o princípio mais importante é o equilíbrio. Como numa dança vivaz, ambos devem apresentar forças semelhantes em peso e intensidade – sem que um ofusque o outro, e assim brilhem juntos. Pratos delicados com cervejas delicadas; pratos robustos com cervejas robustas.
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A harmonização de cerveja e comida pode ser feita por contraste ou semelhança, sempre com equilíbrio.

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A compatibilização e a harmonização (por semelhança e por contraste) de aromas e gostos básicos entre a cerveja e o prato é outro princípio importante de combinação, orientado pelos conceitos de contraste, complemento e corte.
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contraste, complemento e corte. Como exemplo, um mergulho na combinação sugerida na foto. O prato, uma das opções do menu primavera- verão do Emiliano: Perdiz assada recheada com farofa de foie gras e ameixa e risoto de cevadinha. A cerveja, uma variação Strong Dark Trappist Ale produzida por monges trapistas da Holanda: La Trappe Dubbel. Com 6,5% de álcool e cor vermelhorubi, este rótulo sai do clichê “cerveja de verão” e apresenta mais informação sem, entretanto, perder o caráter de refrescância. A carbonatação é o elemento que dá à cerveja este poder refrescante, e de quebra valoriza seus aromas.
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Em contraste e equilíbrio, o amargor da cerveja ressalta e levanta a doçura do prato. Em complemento, o aroma é convidativo – notas frutadas de banana e ameixa com toque acaramelado presentes na cerveja sugerem uma prazerosa soma aos elementos existentes no prato. No corte, os elementos da cerveja – carbonatação, acidez, amargor, força alcoólica – quebram a untuosidade deixada pelo prato, limpam o palato e deixam você com gosto de quero mais...
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Outras agradáveis opções para este mesmo prato são os rótulos – Jenlain Ambrée (Bière de Garde); Chimay Rouge, Westmalle Dubbel, Rochefort Six (Strong Dark Trappist Ale); Maredsous 6 (Abbey Ale); e Strong Suffolk (Old Ale).
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O duo Cerveja & Gastronomia visto, de certa maneira, como expressão de arte – assim como música, harmônica nas teclas brancas e pretas de um piano...


Segue, o serviço do 14º Extra-Malte:

Com o patrocínio de Nacional Supermercados e em parceria com o burgomestre Sady Homrich e com a Cerveja Coruja, esta edição do Extra-malte recebe a beer sommelier Cilene Saorin. Mestre-cervejeira especializada em análise sensorial, ela preside a Associação Brasileira dos Profissionais em Cerveja e Malte (Cobracem) e edita a revista especializada Beer Life. Enquanto Sady Homrich conduz o bate-papo, o público degusta as cervejas Dado Bier American Brown Ale, Falke Bier Estrada Real (English IPA), Falke Bier Ouro Preto (German Dunkel) e Colorado Demoiselle (Porter com café). Para acompanhar, uma seleção especial de queijos oferecida pela delicatessen porto-alegrense A Queijaria.
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Vagas: Apenas 49
Data: 08 de setembro - sempre na segunda segunda-feira do mês
Horário: 20h
Local: Studio Clio , rua José do Patrocínio , 698 - Porto Alegre\RS
Valores: R$ 20,00 (mesa) ou R$ 15,00 (platéia), com direito a degustação da cerveja Coruja, e cervejas e acepipes especiais do dia.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

LEFFE: loura ou mulata?

Continuando a série das cervejas importadas da Inbev vendidas a preços módicos, degustei as duas belgas Leffe. Tanto a Blonde (Blond) quanto a Brune (Brown), paguei R$ 3,99 por cada, no hipermercado Big da rede Wall-Mart Sul. Independente do bom preço para as reconhecidas boas cervejas – a Leffe é a Abadia mais vendida na Bélgica -, passo direto às impressões levantadas:



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LEFFE BLONDE (LOURA)

Cerveja de Alta Fermentação tipo Abadia produzida com a mesma receita com malte de cevada e cereais não maltados pelos monges da antiga Abadia belga dês 1240. De cor pálida acobreada, boa carbonatação, e espuma cremosa. O forte aroma frutado desperta ao abrir a garrafa. Sabor inicial adocicado com um final amargo que resiste na boca - soa como um paladar metálico indesejado, que não condiz com as outras qualidades da cerveja. O aroma e sabor predominantes doces, somados a 6,6% APV lembram uma espumante, onde a harmonização zitogastronômica segue a mesma regra de acompanhar pratos com sabores suaves, embora o retrogosto amargo possa agregar a comidas picantes.
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LEFFE BRUNE (MULATA)

Essas duas Leffes têm a mesma composição nominal, porém a diferença básica está no tipo de malte utilizado, que define a cor marrom escura – avermelhada contra a luz. A espuma que se dissipou moderadamente não agradou – desapareceu após a fotografia, porém manteve uma fina película superficial protetora. O aroma suave, que lembra pão devido aos cereais, assemelha-se muito com a Leffe loura, o que manteve a mesma identidade, mas é indesejado comparando cervejas distintas. O sabor da mulata é mais equilibrado que o da loura, pois o amargor não salienta tanto. O corpo pouco encorpado, porém gaseificado, parecer não combinar com a proposta de uma cerveja Abadia, por outro lado, agregado ao sabor amargo, combina bem com pratos gordurosos.
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Nas fotos em que apresento com a garrafa, o cálice não é o da Leffe e sim o da Bohemia Confraria. Eu me recusei a pagar cerca de R$ 15,00 pela versão brasileira, de má qualidade, do original belga (ao lado). Fique atento: é comum cervejarias dispensarem copos com pequenos defeitos de fabricação aproveitando-os promocionalmente em grandes estabelecimentos varejistas. Não encontrei defeitos no meu cálice da Bohemia, que é do mesmo fabricante nacional. Se existem cervejas ruins, descobrimos que existem copos também...

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